terça-feira, 10 de novembro de 2015

VIDA A DOIS.

I
 


        Hoje lendo um texto de Martha Medeiros, me deparei com uma pequena frase que mexeu muito comigo. Antes mesmo de terminar de lê-lo passei a refletir e fiz uma viagem em várias situações que  nos cercam no cotidiano. Coisas simples,  coisas de relacionamento familiar, dos afetos e mais especificamente da vida a dois. Somos movidos pelo amor, isso é verdadeiro, mas o importante é saber lidar com esse sentimento  de maneira natural, sem se  perder de si mesmo, sem se deixar de lado, cada um  tem seu jeito de ser. 
    
     "É triste ter que se afastar tanto de si para tentar manter alguém próximo"

    Acontece demais, e é lamentável, porque manter um  relacionamento à custa  de se despersonalizar,  de  necessitar de representar, fingir um alguém  que não é você, é bem complicado e claro,  esse relacionamento não vai vingar, porque de repentee  a máscara cai e vai tudo para o " beleléu".

     O amor exige  muita tolerância entre os parceiros,êle sozinho não é suficiente para manter uma vida a dois.   Existem   as diferenças, as sutilezas. É preciso aprender   a conviver pacificamente. Se alguém  tentar mudar  somente para agradar não vai rolar um bom clima, não vai ser ser bom para nenhum dos dois. O tempo, com certeza, se incumbirá de moldar as áreas conflituosas. É só saber esperar. 

     
      O que ampara uma união, além do sentimento verdadeiro, é o respeito, a aceitação , o diálogo franco e a liberdade de se sentir Inteiro na relação.  Porém, nada impede que   em algum momento   da vida se abra uma excessão para agradar o outro, isso é saudável, é bom que aconteça.Mas, tem que vir naturalmente, sem pressão.

     Evidente que  o amadurecimento  favorece o equilíbrio emocional do casal, ponderar e ceder não significa fraqueza.Com o passar do tempo a gente vai mudando, descobrimos uma nova e melhor versão de lidar com  o lado doce da vida a dois.  Isso é a verdadeira comunhão do amor. 


        Não permita que  o relacionamento se desgaste por conta das  naturais diferenças  individuais . Elas podem  e devem ser facilmente  contornadas. Viver a dois é como pintar um quadro, precisamos de sensibilidade, criatividade, harmonia, amor, respeito, companheirismo, entrega e  de uma  alma  profundamente sensível. Aí tudo fica lindo !!!!!

     Não espere que a pessoa amada seja a perfeição  que você sonhou, não existe isso na vida real.Procure  e encontrará as razões pelas quais  aquela criatura  levou você ao deslumbramento,  descobrirá que existe algo mais forte unindo vocês , na verdade, um nasceu para o outro. 

      Considero que é no amor que nos completamos, que nos sentimos plenos, que recuperamos as energias, a graça, o romantismo, a auto-estima. É nele
que encontramos a  forma de viver em estado permanente de pura felicidade. Ninguém  é feliz sozinho, ninguém se basta.



      Não tenha medo de arriscar, vá com tudo, seja muito feliz com seu amor, mas não se esqueça nunca que viver a dois pode ser simples, delicioso, para sempre . Porém, muito cuidado para não tentar mexer no  seu jeito  próprio de ser  ou no da pessoa amada. 
Não se esqueça que são  duas pessoas diferentes que  foram unidas pelo amor, nunca serão iguais, mas poderão viver juntinhas até o fim. Basta um aceitar o outro como ele é.
     
     É assim que é construida uma linda  história de vida a dois. Cada um do seu jeito, sem drama, sem queixas, aceitando as diferenças e superando  os desafios. É com o eleito que nos fortalecemos em todos os momentos, na tristeza ou na alegria, na doença ou na saúde. Pense nisso com muito carinho. Porque nada melhor do que termos alguém para dividirmos a vida.

     

   Dóra Helena
Rio, 15/11/15

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Como seria bom


     

Como seria  bom meu dia hoje se você ainda tivesse comigo. O que faríamos neste feriadão? Certamente teriamos programado como de hábito pelo menos um cineminha, ou teatro, uma exposição, um almoço no shopping ou, quem sabe, receber amigos, enfim, os nossos dias seriam movimentados, você com certeza,  escolheria num desses dias,preparar  um almocinho gostoso, compraria " aquele queijo" que era o seu preferido, um vinho esperto, umas pipocas para  fazer nos intervalos dos filmes criteriosamente  escolhidos, enfim, pensaria em tudo, seria uma super dose de emoções, de papos, brincadeiras , alegrias e aconchegos.
     
      Gostava da porta de casa aberta para os amigos, do som tocando, dos abraços, era a criatura mais bem-humorada que conheci em toda a minha 
vida. Gostava da vida e melhor, de viver comigo.

     Costumava  nos fins de semanas,  mais especificamente aos sábados, cuidar do  do carro,  o danado era limpinho, cheiroso e o porta-luvas  sempre com seus CDs,   permitia apenas um casaquinho meu,  porque sempre fui friorenta. Talvez, nesse feriadão  de agora, fôssemos dar algumas voltas, tipo: Santa Tereza, Barra, Petrópolis, isso era quase certo.

     Quando terminasse os feriados, a rotina não ia ser nada ruim porque voltaria para fazer o que  também
gostava muito: - seu trabalho, de preparar  os cartálagos, organizar  as novas exposições para o próximo leilão de artes.Curtia muito, era um prazer para ele catalogar e viajar junto com as peças para outros séculos. Era amante da história da arte. 

     Agora tudo mudou, a casa continua recebendo amigos, a música rola do mesmo jeito( claro que fiz doações dos seus CDs  de musicas clássicas, Demônios da Garoa, Odolniran Barbosa, etc, tinha um gosto musical diversificado, ia de um extremo ao outro. Como bom geminiano era muito versátil. 

        Cuidava também  todos os sábados das  plantas, quase todas ainda  continuam  comigo, também gosto de plantas e de cuidar delas com carinho.
Porém,  agora  aqui em casa, não rolam  mais  aqueles cardápios,  o meu gordinho, gostava de comer bem e inventar pratos, atualmente,  o fogão é quase um objeto decorativo, as panelas em desuso, nem pipoca, nem  aqueles seus queijos e vinhos entram na  minha listinha de compras. Aquela história de bacon então, nem pensar...  
     
     Mas, queria tudo de volta, queria a sua companhia alegre, aquele menino grande cheio dos defeitos inerentes aos filhos únicos,  ( a teimosia, o não aceitar ser contrariado) , mas acima de tudo, aquela  pessoa responsável, habilidosa, profissional, prestativa, que cuidava de gente, plantas e bichos de um jeito especial, que não se preocupava com dinheiro e vivia feliz com o que tinha, que cuidava de mim como uma rainha , que me mimava, que ria das minhas manias, me aceitava do meu jeito, me protegia dos meus medos e adivinhava meus pensamentos, que se casou comigo e cumpriu o que prometeu: me fez feliz até no seu último dia de vida.  Como eu queria...

     Agora  eu entendo que ganhei na loteria , vivemos muito bem e gastamos toda a quota  que nos foi destinada da melhor maneira possível. Fomos   um casal quase que perfeito, "quase " porque para sermos perfeitos  de verdade, só faltou a eternidade ao nosso alcance. Mas, eu sei que  estamos ainda no  intervalo do primeiro ato, o segundo nos aguarda e com mais emoção ainda.

     Dia dois de novembro não é um dos melhores dias do  meu calendário, mas, me esforço muito para me manter da melhor forma que posso. Como seria bom ter você comigo, como seria lindo passar mais esse feriadão com você.

     E me poupem de SAUDADE SIM, TRISTEZA NÃO, me deixem ficar do jeito que eu quiser, frases prontas não servem de consolo prá mim.Desculpem a franqueza, mas cada um sabe da sua dor.

Rio, 02/11/15
Dóra Helena