segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Como seria bom


     

Como seria  bom meu dia hoje se você ainda tivesse comigo. O que faríamos neste feriadão? Certamente teriamos programado como de hábito pelo menos um cineminha, ou teatro, uma exposição, um almoço no shopping ou, quem sabe, receber amigos, enfim, os nossos dias seriam movimentados, você com certeza,  escolheria num desses dias,preparar  um almocinho gostoso, compraria " aquele queijo" que era o seu preferido, um vinho esperto, umas pipocas para  fazer nos intervalos dos filmes criteriosamente  escolhidos, enfim, pensaria em tudo, seria uma super dose de emoções, de papos, brincadeiras , alegrias e aconchegos.
     
      Gostava da porta de casa aberta para os amigos, do som tocando, dos abraços, era a criatura mais bem-humorada que conheci em toda a minha 
vida. Gostava da vida e melhor, de viver comigo.

     Costumava  nos fins de semanas,  mais especificamente aos sábados, cuidar do  do carro,  o danado era limpinho, cheiroso e o porta-luvas  sempre com seus CDs,   permitia apenas um casaquinho meu,  porque sempre fui friorenta. Talvez, nesse feriadão  de agora, fôssemos dar algumas voltas, tipo: Santa Tereza, Barra, Petrópolis, isso era quase certo.

     Quando terminasse os feriados, a rotina não ia ser nada ruim porque voltaria para fazer o que  também
gostava muito: - seu trabalho, de preparar  os cartálagos, organizar  as novas exposições para o próximo leilão de artes.Curtia muito, era um prazer para ele catalogar e viajar junto com as peças para outros séculos. Era amante da história da arte. 

     Agora tudo mudou, a casa continua recebendo amigos, a música rola do mesmo jeito( claro que fiz doações dos seus CDs  de musicas clássicas, Demônios da Garoa, Odolniran Barbosa, etc, tinha um gosto musical diversificado, ia de um extremo ao outro. Como bom geminiano era muito versátil. 

        Cuidava também  todos os sábados das  plantas, quase todas ainda  continuam  comigo, também gosto de plantas e de cuidar delas com carinho.
Porém,  agora  aqui em casa, não rolam  mais  aqueles cardápios,  o meu gordinho, gostava de comer bem e inventar pratos, atualmente,  o fogão é quase um objeto decorativo, as panelas em desuso, nem pipoca, nem  aqueles seus queijos e vinhos entram na  minha listinha de compras. Aquela história de bacon então, nem pensar...  
     
     Mas, queria tudo de volta, queria a sua companhia alegre, aquele menino grande cheio dos defeitos inerentes aos filhos únicos,  ( a teimosia, o não aceitar ser contrariado) , mas acima de tudo, aquela  pessoa responsável, habilidosa, profissional, prestativa, que cuidava de gente, plantas e bichos de um jeito especial, que não se preocupava com dinheiro e vivia feliz com o que tinha, que cuidava de mim como uma rainha , que me mimava, que ria das minhas manias, me aceitava do meu jeito, me protegia dos meus medos e adivinhava meus pensamentos, que se casou comigo e cumpriu o que prometeu: me fez feliz até no seu último dia de vida.  Como eu queria...

     Agora  eu entendo que ganhei na loteria , vivemos muito bem e gastamos toda a quota  que nos foi destinada da melhor maneira possível. Fomos   um casal quase que perfeito, "quase " porque para sermos perfeitos  de verdade, só faltou a eternidade ao nosso alcance. Mas, eu sei que  estamos ainda no  intervalo do primeiro ato, o segundo nos aguarda e com mais emoção ainda.

     Dia dois de novembro não é um dos melhores dias do  meu calendário, mas, me esforço muito para me manter da melhor forma que posso. Como seria bom ter você comigo, como seria lindo passar mais esse feriadão com você.

     E me poupem de SAUDADE SIM, TRISTEZA NÃO, me deixem ficar do jeito que eu quiser, frases prontas não servem de consolo prá mim.Desculpem a franqueza, mas cada um sabe da sua dor.

Rio, 02/11/15
Dóra Helena





     

     

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